13 Reasons Why: Da ficção à nossa realidade

Atualmente, um dos seriados mais discutidos nas redes sociais tem sido 13 Reasons Why, lançada em março de 2017 pelo serviço de streaming Netflix. Na dramaturgia, a protagonista adolescente comete suicídio e deixa treze fitas cassetes para ser ouvidas por pessoas que ela se relacionava, cada uma contendo um motivo pelo qual a estudante resolveu tirar a própria vida. Infelizmente, o risco de suicídio não é algo raro nesta etapa da vida.

A adolescência, devido a suas diversas mudanças no desenvolvimento humano, é uma das principais épocas onde se observa maiores riscos de suicídio, necessitando de um acompanhamento de perto. Para entender melhor como funciona o processo de ideação suicida, é necessário dividi-lo em pensamento (relacionando a vontade de “não existir”), plano (como a pessoa resolve tirar sua própria vida) e a tentativa propriamente dita.

Em um estudo realizado pela Universidade Católica de Pelotas no ano de 2010, foram entrevistados um total de 960 adolescentes entre 15 e 18 anos (idade geralmente parecida com o dos personagens da série americana). Foi encontrado 7,7% de ideação suicida. Apesar de mais baixo do que em outras cidades, como Porto Alegre, o número ainda é alarmante.

Os dados apontam que estudantes que possuem mãe com baixa escolaridade, sedentarismo (jovens que não fazem exercícios físicos regularmente), uso de álcool e outras substâncias, envolvimento em brigas, bem como baixa escolaridade do próprio adolescente são fatores que podem aumentar a probabilidade de o jovem pensar em tirar a própria vida. Ou seja, jovens com maior vulnerabilidade social talvez manifestem através de outros comportamentos a ideia de fazer mal a si mesmo.

Na série, vários personagens fazem uso de álcool e outras drogas, além de serem expostos a grande violência na escola, fator frequentemente apontado pela personagem principal em suas fitas. A pesquisa realizada pela UCPel coloca que um fator importante para a prevenção do suicídio em adolescentes seria criar estratégias de prevenção que ajudem adolescentes com exposição ou que apresentem comportamentos agressivos, fazem uso de álcool e drogas e apresentem baixa escolaridade.