O curso de Filosofia da Católica de Pelotas (UCPel) completa 70 anos em 2023. Para dar início às celebrações de uma data tão marcante, o Núcleo de Estudos Latino-Americano (NEL), do Programa de Pós-Graduação em Política Social e Direitos Humanos (PPGPSDH), promove, no dia 25 de agosto, a conferência “Pensamento fronteiriço e horizontes descoloniais”, com palestra do filósofo argentino Walter Mignolo, da Universidade de Duke, nos Estados Unidos.
No encontro, que integra a atividade “Diálogos latino-americanos”, Mignolo sustentará a tese de que o renascimento europeu dos séculos 15 e 16 teve uma “outra cara”, esquecida e invisibilizada: a colonização das Américas. Este tema se transformou em uma das teses centrais do grupo modernidade/colonialidade, desenvolvido a partir da contribuição do filósofo junto a outros dois expoentes do pensamento latino-americano, Enrique Dussel e Anibal Quijano. Para o argentino, a compreensão fronteiriça afirma o pensamento que foi negado pela modernidade e redefine as formas dominantes de conhecimento do ponto de vista da racionalidade não-eurocêntrica.
“A relevância em ter o professor Mignolo, assim como a conferência do ano passado com Enrique Dussel, aqui na universidade, aponta o alcance social e político como um dos filósofos mais reconhecidos da América Latina”, destacou o professor da UCPel, César Augusto Costa, organizador do evento.
“Sua contribuição se torna indispensável para compreendermos os estudos descoloniais como um processo visto a partir do nosso contexto periférico. Mignolo nos ajuda a olhar a constituição histórica – política, econômica, racial, de gênero, cultural, jurídica – em que fomos inseridos e também sinaliza quais horizontes são possíveis para além desta constituição colonial”, completou o docente.
A conferência será virtual e poderá ser acessada – no dia 25, às 19h – através do Facebook da PPGPSDH.
Sobre o convidado
Walter Mignolo nasceu em maio de 1941 no Pampa Gringa Chica, província de Córdoba, na Argentina. Em 1964, aos 23 anos, licenciou-se em Filosofia na Universidade Nacional de Córdoba. Mais tarde, já na França, obteve o doutorado da École dês Hautes Études (Escola de Estudos Avançados).
Em sua carreira, inicialmente interessou-se pela filosofia da linguagem e semiótica, realizando contribuições para o entendimento de textos coloniais do século 16. Chegou aos Estados Unidos em 1973, primeiro como professor da Universidade de Indiana e depois Michigan. Dos estudos coloniais, passou a focar nas teorias pós-coloniais, que estavam muito em voga no país durante a década de 1990.
Em 1995 publicou seu livro The Darker Side of the Renaissance (O lado negro do Renascimento), que o fez reconhecido mundialmente no campo dos estudos pós-coloniais e subalternos, bem como no âmbito da Filosofia latino-americana em função de suas constantes referências à obra de filósofos como Edmundo Ou’Gorman, Rodolfo Kusch, Leopoldo Zea e Enrique Dussel.
Redação: Leandro Lopes