A forma com que as doenças da alma influenciam o corpo vem sendo objeto de estudo de muitos pesquisadores brasileiros. Vários desses resultados foram apresentados pelo cirurgião cardiovascular e diretor do Hospital São Francisco de Cardiologia da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, Fernando Lucchese, durante aula inaugural voltada para acadêmicos dos cursos de saúde da Universidade Católica de Pelotas (UCPel). A atividade foi realizada na noite da última quarta-feira (29).
Sentimentos como raiva, inveja, vaidade, frustração, medo, ódio e não perdão, por exemplo, já possuem estudos que demonstram a correlação com doenças, com a manutenção e a perda da saúde, comentou o palestrante durante o encontro. Lucchese lembrou que o ser humano é formado pela tríade mente, corpo e espírito, e os médicos demoraram tempo demasiado para entender a importância dessa relação. “Esse conceito nasceu 400 anos antes de Cristo, com os gregos. Naquela época, Platão já dizia que os médicos estavam enganados porque eles só consideravam as doenças do corpo”, comentou.
Foi ao final da década de 1980, início de 1990, que iniciaram as publicações cientificas sobre o tema, em encontros realizados na Harvard University. O cirurgião cardiovascular lembrou que no primeiro encontro realizado participaram 200 pessoas. “Já no final do ano 2000 eram mais de 1.300 pessoas participando dessas reuniões, o que despertou o interesse de outras universidades americanas”. O palestrante também apresentou algumas das principais contribuições do psiquiatra americano Harold Koenig, da Universidade de Duke, para a área.
Lucchese foi o responsável por trazer Koenig duas vezes ao país para participar de congressos da Sociedade Brasileira de Cardiologia, o que, na avaliação do palestrante, foi um dos fatores determinantes para aumentar a produção científica brasileira. “Estão sendo finalizados estudos muito sérios, temos ótimos pesquisadores do tema. O grande problema dessa área é que religiosidade é fácil de estudar em termos de pesquisa, mas a espiritualidade não por ser uma sensação individual”, explicou.
O palestrante apresentou ainda o trabalhado desenvolvido pelo Grupo de Estudos em Espiritualidade e Medicina Cardiovascular (Gemca), ligado à Sociedade Brasileira de Cardiologia e que atualmente possui mais de mil sócios. “Quando iniciamos ocupamos uma sala de 50 lugares. Hoje temos público para lotar um auditório e ainda realizar duas sessões. É inacreditável a adesão” avaliou.
Aula inaugural ministrada por Lucchese foi voltada para acadêmicos e professores dos cursos de Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Medicina, Odontologia, Psicologia e Programas de Pós-Graduação em Saúde e Comportamento e Mestrado Profissional em Saúde no Ciclo Vital.
Lucchese é médico formado pela Universidade Federal do Rio Grade do Sul (UFRGS). Atua como cirurgião cardiovascular e cardiologista, tento títulos de especialista pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular e Sociedade Brasileira de Cardiologia. Realizou Fellow em cirurgia cardiovascular pela Universidade do Alabama/ Birmingham, EUA. Possui importante atuação em pesquisas clínicas, principalmente nas áreas de cirurgia, estimulação cardíaca artificial, saúde e espiritualidade.
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