Nesta quinta-feira (25), o Observatório NOSOTRAS, comprometido com a diversidade de gênero e com a luta antirracista, celebra o Dia Internacional das Mulheres Negras Latino-Americana e Caribenha e o Dia Nacional de Tereza de Benguela. A data traz reflexões sobre intersecção de raça e gênero e a importância de não esquecer a memória das heroínas brasileiras, que é silenciada pela historiografia brasileira. Aliás, toda a sociedade patriarcal do modo de produção capitalista, aliena, silencia e oprime mulheres negras, que compõem a base da pirâmide social e que sofrem diariamente as consequências do racismo.
Como escreve Conceição Evaristo, estas mulheres costuram a vida com fios de ferro e são as principais vítimas de feminicídio e da violência doméstica. De acordo com os dados publicados pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2024, mulheres negras representam 63,6% das vítimas de feminicídio, como também, são a maioria que sofrem com estrupo, sendo 52,2%.
Além de sofrer todas essas questões, mulheres negras ainda sofrem as consequências do processo de escravização, ocupam predominantemente posições de trabalho precárias e recebem salários menores que brancos e homens negros, pois de acordo com os dados DIEESE do ano de 2022 uma mulher negra recebeu em média 46,3% menos que um homem branco. Já, quando se fala em posições de liderança, as mulheres negras ocupam 2,1% das funções.
Logo, é importante destacar que nesta data não queremos festejar. Esta celebração, quer fortalecer as mulheres negras e todas as organizações voltadas delas e para elas. De modo especial, queremos reforçar a luta por políticas públicas dirigidas para a sua causa, em especial pelo fim da violência, com um posicionamento forte do poder público referente às especificidades das mulheres negras. Por fim, faz-se relevante a citação de Luiza Bairros, mulher negra brasileira referência na luta por igualdade racial “somos herdeiros/as de uma luta histórica, iniciada por muitos antes de nós”, pois sem o fim da desigualdade racial não haverá o fim da violência.
Por: Natália Pereira. Mulher Negra. Doutoranda do PPG Política Social e Direitos Humanos da UCPel
Observatório NOSOTRAS