O sonho de ter um lar começou a se tornar realidade para a Tribo Kaingang. Os acadêmicos do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Católica de Pelotas (UCPel) estão envolvidos no projeto de habitação popular que irá abrigar as 16 famílias indígenas que residem no município. As obras iniciaram no começo do mês de agosto e a entrega das casas está prevista para abril de 2018.
No terreno localizado próximo a Cascata, o grupo de estudantes do Programa de Sustentabilidade no Habitat Social participa e acompanha a obra. O local onde as casas serão construídas já recebeu abertura de ruas e terraplanagem do terreno. As fundações também já estão em andamento, informa a coordenadora do Programa de Extensão, professora Joseane Almeida. “O projeto já está sendo executado. Poder acompanhar a sua concretização é gratificante”, avalia.
Além das obras das casas, os acadêmicos se dedicam à produção do mobiliário, utilizando materiais doados e reciclados. O Santuário de Guadalupe é a sede para os mutirões semanais dos responsáveis pela tarefa. O grupo encarregado pela produção da mobília é coordenado pela professora Fernanda Tomiello. A docente conta estar vivendo um trabalho agregador e preparativo para a cooperação da construção das habitações.
Para aumentar os recursos, o grupo está engajado em diversas ações que visam à colaboração para a construção das casas e da mobília. Doações de lojas e pedidos de descontos nas compras de materiais utilizados na obra são algumas das alternativas. Outras, como a realização de brechós e arrecadação de bicicletas para auxiliar na locomoção dos índios entre a obra e a sede de produção do mobiliário também ocorrem.
Segundo Joseane, a iniciativa cresce a cada dia. Acadêmicos de diversos semestres participam das atividades, agregam conhecimento e acumulam experiências. O projeto conta com 17 bolsistas do curso além de interessados em colaborar. “Estamos conseguindo agregar cada vez mais pessoas. Desse modo, conseguimos contribuir para a formação humana e social do futuro arquiteto”, finaliza.
Relembre
As negociações que envolveram a transferência da tribo Kaingang da área urbana para a zona rural contaram com a intermediação da UCPel. A professora do Programa de Direito da Universidade de Magdalena (Colômbia) e pós-doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Política Social (PPGPS), Isabela Figueroa, foi a responsável pelas tratativas realizadas com a Prefeitura de Pelotas que resultaram na conquista do novo terreno.
Ao saber da chegada de índios Kaingangs no município, Isabela participou de uma audiência pública na Câmara de Vereadores para se aproximar dos integrantes e oferecer ajuda. A prefeitura ofertou um terreno de 7,5 hectares na zona rural de Pelotas. O Núcleo de Advocacia Popular (NAP) da UCPel também acompanhou as tratativas da permanência do grupo e foi responsável pelo trabalho após o retorno da docente para a Colômbia.
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