Diagnósticos e marcadores de depressão em gestantes e pacientes adultos em geral e cultivo celular lideram as pesquisas do Laboratório de Neurociências Clínicas da Universidade Católica de Pelotas (UCPel). Vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Saúde e Comportamento (PPGSC), dispõe de equipamentos avaliados em quase três milhões de reais, via recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
Dos 16 docentes do programa de pós-graduação, quatro atuam diretamente no laboratório, conforme conta a coordenadora do PPGSC, professora Gabriele Cordenonzi Ghisleni. «Cada professor segue uma linha de pesquisa independente dentro da área biológica, mas também realiza projetos em colaboração com os demais», explica. Além do corpo docente, doutorandos, mestrandos e graduandos dos cursos na área da saúde desenvolvem as análises laboratoriais.
Uma das frentes de atuação do laboratório, o projeto Gravidez Cuidada, Bebê Saudável, financiado pela fundação Bill e Melinda Gates, acompanha o pré e pós-parto de gestantes com depressão ou risco de depressão. Associado ao projeto, os pesquisadores buscam moléculas, proteínas e genes específicos para traçar o perfil da mãe com risco da doença e identificar o tipo de desempenho cognitivo e motor da criança. «O objetivo é organizar um grupo de marcadores para facilitar o diagnóstico clínico e melhorar o tratamento», destaca Gabriele.
Outro estudo realizado no laboratório da UCPel é a reavaliação de pacientes com depressão a fim de identificar se o diagnóstico converteu para bipolaridade. Segundo a coordenadora, esses pacientes possuem sintomas comuns às duas doenças, o que pode confundir a identificação. «No laboratório também procuramos marcadores para a depressão e para o diagnóstico», diz.
Dentro das pesquisas líderes desenvolvidas pelos pesquisadores da UCPel, está ainda o cultivo celular. Dois professores são responsáveis pela metodologia pré-clínica (sem pacientes), onde o cultivo de células in vitro é executado. O objetivo é testar e desenvolver novos fármacos antioxidantes e anti-inflamatórios.
De acordo com Gabriele, o Laboratório de Neurociências Clínicas atua nesse formato desde 2013. Antes, a grande maioria das pesquisas era realizada em colaboração externa com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Através do acesso a investimentos do Finep, equipamentos foram comprados. «Passamos a desenvolver aqui o que fazíamos fora e aumentamos a participação dos alunos», acrescenta a coordenadora. Além disso, a UCPel investiu em infraestrutura para adequar o espaço físico.
A qualidade desses novos equipamentos alavancou os resultados das pesquisas do programa de pós-graduação, refletidos nas publicações científicas. «Estamos publicando artigos melhores e alguns alunos receberam destaque em congressos», frisa. Outra conquista com os aparelhos é a ampliação das colaborações externas. «Em função da qualidade dos equipamentos, abrimos as portas para professores de outras instituições fazerem análises aqui», conta a docente.
Na formação acadêmica dos estudantes, o laboratório complementa a experiência laboratorial. «Aqui os alunos estão diariamente na bancada fazendo experimentação de rotina, desde a preparação da coleta que chega até a análise», completa. A coordenadora também destaca a interdisciplinaridade, responsável por aumentar as discussões acerca de temas variados e a vivência científica dos bolsistas.
Há um ano e nove meses como bolsista de iniciação científica, a acadêmica do 9º semestre de Farmácia, Ariadni Mesquista Peres, buscou o laboratório por abordar a área de neurociências – pouco explorada no curso. Atualmente, a estudante realiza as análises do banco de dados do projeto Gravidez Cuidada, Bebê Saudável. A vivência oportunizou a participação em congressos e facilitou a comunicação, conforme acredita a aluna. «Aqui construímos o pensamento de que precisamos ir atrás, ler artigos, moldar o conhecimento», completa.
A mestranda Cainá Corrêa do Amaral participa das análises desde 2014, quando cursava Enfermagem na UCPel. Hoje, auxilia uma doutoranda nas análises e é responsável pela coleta de campo do projeto Gravidez Cuidada, Bebê Saudável. Durante a trajetória acadêmica, a experiência no laboratório proporcionou o contato com outras áreas. «A enfermagem é bastante clínica e a pesquisa me mostrou o lado da docência», conta.
Já a doutoranda Laísa Camerini da Rosa chegou ao laboratório para o estágio final do curso de Biotecnologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Segundo a pesquisadora, através da vivência teve contato com a área da saúde humana – na qual sempre quis trabalhar. Em função disso, deu continuidade aos estudos no PPGSC, onde cursou mestrado e atualmente estuda alterações genéticas em gestantes para a tese de doutorado. «A minha profissão é ser pesquisadora e é dentro da Universidade que se faz pesquisas», afirma.
Equipamentos modernos associados à qualidade dos estudos diferenciam o Laboratório de Neurociências Clínicas da UCPel dos demais da região sul. «O fato de continuarmos recebendo financiamento pelos projetos demonstra o perfil de pesquisa que estamos construindo no laboratório», acredita a coordenadora.
Redação: Piero Vicenzi
Powered by WPeMatico