Egressos do curso de Psicologia da UCPel são destaque em premiação internacional

Egressos do curso de Psicologia da Universidade Católica de Pelotas (UCPel) receberam destaque na reunião anual da Sociedade Internacional de Transtornos Bipolares (ISBD). A cerimônia deste ano aconteceu na cidade de Chicago, Illinois, nos Estados Unidos. Premiados em categorias distintas no evento, os psicólogos e pesquisadores Taiane Cardoso e Bruno Montezano também tiveram suas pesquisas publicadas na última edição da The Lancet — considerada a mais importante revista científica do mundo. 

Conforme a docente do Programa de Pós-Graduação em Saúde e Comportamento (PPGSC/UCPel) e do curso de Psicologia, Karen Jansen, a participação em eventos deste porte é uma forte evidência da inserção precoce na prática científica que o curso de Psicologia – alinhado ao PPGSC -, proporciona aos seus alunos. “Ficamos felizes por formar psicólogos que entendem a importância da prática voltada a evidências científicas”, declara.

O transtorno bipolar é um distúrbio psiquiátrico complexo, relacionado entre fatores biológicos, neuroquímicos e psicossociais/ambientais. Sua característica mais significativa é a alteração, às vezes súbita, de episódios de depressão e de euforia. A causa exata do transtorno é desconhecida. 

A missão da Sociedade ISBD, responsável pela premiação, é promover a colaboração internacional em educação, pesquisa e cuidados clínicos visando melhorar a qualidade de vida das pessoas diagnosticadas. 

Saiba mais sobre as pesquisas premiadas abaixo:

 

Problemas comportamentais em crianças de mães diagnosticadas com o transtorno

 

O estudo da pesquisadora e psicóloga Taiane Cardoso, mestre e doutora em Saúde e Comportamento pela UCPel, avaliou se a associação entre o diagnóstico de transtorno bipolar em mães e problemas emocionais e comportamentais de seus filhos é mediada por uma interrupção nos ritmos biológicos das crianças. “Já é bem estabelecido na literatura que filhos de pais com transtorno bipolar têm um risco maior de receber o mesmo diagnóstico, devido ao forte componente genético do transtorno”, relata Taiane. “No entanto, os fatores ambientais modificáveis, que poderiam atuar como mediadores nessa associação, ainda são pouco explorados”, complementa.

Conduzida na UCPel, a pesquisa analisou crianças, com idades entre sete e oito anos, e suas mães biológicas — 428 das mães sem o transtorno e 64 com o diagnóstico. “O principal achado deste estudo é que a desregulação do ritmo biológico dessas crianças age como um mediador dessa associação”, expõe Taiane. Indicando assim, que o foco em estratégias de intervenção destinadas à regulação deste ritmo — o que inclui regulação de sono, alimentação, padrão de atividade e as relações sociais — pode melhorar o prognóstico dessas crianças. “Podemos até mesmo prevenir estes sintomas emocionais e comportamentais”, conclui. 

Com esta análise, Taiane ganhou o prêmio Samuel Gershon Junior Investigator Award — destinado a reconhecer o trabalho de jovens pesquisadores na área do transtorno bipolar. 

Calculando o risco do diagnóstico do transtorno bipolar

 

O trabalho do egresso do curso de Psicologia da UCPel, Bruno Montezano, foi selecionado e premiado como um dos dez melhores posters do evento. Seu estudo visou a criação de um modelo classificatório prevendo a incidência de transtorno bipolar em jovens adultos em um intervalo de cinco anos. “A ideia geral é criarmos o que chamamos de calculadora de risco — uma ferramenta capaz de auxiliar os profissionais de saúde a fazer uma triagem a partir de diversas variáveis que forem coletadas”, discorre. 

A pesquisa analisou características clínicas e sociodemográficas de uma amostra da população da cidade de Pelotas. Os dados eram provenientes de um estudo de coorte do PPGSC/UCPel. Os entrevistados tinham entre 18 e 24 anos, e não possuíam diagnóstico de transtorno bipolar ou episódio depressivo de humor no momento das avaliações de cognição ou funcionalidade, “para evitar qualquer influência dos sintomas de humor nessas medidas”, comenta Montezano. 

Cinco anos após a pesquisa, 4,49% dos 1.091 analisados acabaram recebendo diagnóstico de Transtorno Bipolar. “Os resultados obtidos foram um modelo de bom desempenho com quase 90% de acurácia na previsão dos casos”, complementa. 

Os resultados também apontaram percepções quanto ao transtorno bipolar ser um fenômeno com uma trajetória latente que tem a depressão, tipicamente, como sua manifestação inicial. O modelo incluía dez características a serem analisadas e, dentre elas, fatores como uso de cocaína ao longo da vida; baixo status socioeconômico também se apresentou como importante indício para um futuro diagnóstico.

Redação: Caroline Albaini

  

 

 

 

 

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