Projeto de Extensão da UCPel debate o significado do corpo negro

Psicologia e racismo é a temática que está em discussão no Projeto de Extensão Relações Étnico-Raciais da Universidade Católica de Pelotas (UCPel) durante o ano de 2019. Aberto à comunidade, os encontros buscam estudar o racismo na perspectiva científica, através da produção acadêmica, e na de extensão, ao levar atividades de conscientização para além das portas da universidade.

Acadêmicos de cursos da UCPel como Serviço Social e do ensino a distância, além de outras instituições, como o curso de Antropologia (UFPel), e também do Programa de Pós-Graduação em Política Social e Direitos Humanos (PPGPSDH/UCPel) fazem reflexões sobre a temática e atuam em oficinas. Entre os materiais em análise pelo grupo, atualmente está a tese de doutorado Significações do Corpo Negro, escrito por Isildinha Baptista Nogueira, doutora em psicologia pela Universidade de São Paulo (USP).

Segundo a acadêmica do 7° semestre do Serviço Social da UCPel, Thais Coitinho, um dos grandes diferenciais do projeto são os horários dos encontros, que ocorrem quinzenalmente nas quartas-feiras e sextas-feiras, das 18h às 19h15, na sala 301B, do Campus I. “Por acontecerem no fim da tarde, possibilitam que alunos que trabalham participem das discussões”, diz.

Já a acadêmica do 5° semestre do Serviço Social, Natália Ferreira, relata que as reflexões não só a aperfeiçoaram como profissional, mas também trazem impactos na vida pessoal, pois o projeto questiona e discute situações do dia a dia, trazendo novas visões do que acontece na sociedade. “Passei a me perceber e me aceitar como uma mulher negra. Além disso, me empoderei e me tornei uma militante atuando na causa”, conta Natália.

A idealizadora e coordenadora do Projeto de Extensão, professora Carla Avila, conta que os encontros começaram em 2013, quando um grupo de alunos sentiu a necessidade de discutir questões étnico-raciais no âmbito acadêmico. Posteriormente, em 2017, o grupo de estudos passou a atuar também na comunidade através de oficinas, consolidando assim um projeto de extensão.

Interessados em participar das discussões podem contatar a professora e os alunos integrantes nos dias e horários dos encontros. A próxima atividade está marcada para sexta-feira (7), na sala 301B do Campus I.

 

Reflexo das oficinas na comunidade

 

Em encontro realizado no dia 22 de maio, a acadêmica Thais compartilhou com os demais alunos do projeto de extensão sua percepção ao desenvolver atividade no Centro de Extensão em Atenção à Terceira Idade (Cetres/UCPel). Ao total, foram quatro encontros com o grupo da terceira idade, que buscaram desconstruir o senso comum através das discussões sobre racismo estrutural, manifestações, expressões raciais e o relato da própria vivência deles.

Segundo a acadêmica, mesmo ao considerar a questão de geração e de gênero, pois a maioria dos participantes eram mulheres com mais de 60 anos, a receptividade quanto ao assunto foi satisfatória, tanto que os membros do Cetres já solicitaram o retorno das conversas no próximo semestre. “A maioria não percebia se havia ou não negros estudando e trabalhando com elas ao longo das suas vidas. Também não identificavam corpos negros na sua estrutura social e agora, a partir das nossas colocações, já estão mais atentos à sua volta e aos comentários que reproduzem”, relatou Thais.

    

Redação: Karina Kruschardt

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