A caixa para esterilização de máscaras de proteção respiratória desenvolvida pela Universidade Católica de Pelotas (UCPel) passa por testes biológicos para confirmar sua eficácia. Depois dessa etapa e aprovação junto ao Comitê Interno de Gestão COVID-19, o equipamento estará apto para uso no Hospital Universitário São Francisco de Paula (HUSFP), Unidades Básicas de Saúde (UBS) e instituições interessadas.
Responsável pela versão brasileira, o professor do Mestrado em Engenharia Eletrônica e Computação da UCPel, Everton Granemann Souza, explica que a caixa terá a capacidade de desinfetar em torno de 20 máscaras no tempo de cinco minutos. Caso o teste biológico confirme sua eficácia, poderá contribuir para a reutilização de máscaras consideradas descartáveis como os modelos cirúrgicos e odontológicos. Pode ainda desinfectar modelos em tecido e a N95.
A testagem biológica deverá ocorrer até o final da próxima semana, informa a supervisora administrativa da central de Laboratórios da UCPel, Rosimeri Souza. Para confirmar a eficácia do equipamento, a professora Cristina Fabião elaborou um protocolo de validação do processo de desinfecção. “Estamos fazendo o crescimento de alguns bacilos, conhecidos como bioindicadores, para contaminar as máscaras. Em seguida, elas serão submetidas na caixa em diferentes tempos para saber se a desinfecção foi efetiva”, explica.
De acordo com o professor, após aprovação do equipamento, será possível fazer modelos de tamanhos diferentes, conforme necessidade. O protótipo, com dimensões de, aproximadamente, 55 cm de largura, 40 cm de profundidade e 47 cm de altura, é feito de material MDF, lâmpada UVC, papel alumínio revestido com EVA para fazer a vedação, prateleira de metal, ganchos distribuídos pelo interior da caixa e instalação elétrica.
Do projeto original, idealizado por um biomédico norte-americano, ocorreram várias adaptações. Houve necessidade de recalcular as dimensões da caixa, substituição das paredes de papelão por MDF, modificação das prateleiras para facilitar a desinfecção e alteração da lâmpada UVC.
A proposta para criação do equipamento surgiu do Escritório de Desenvolvimento Regional (EDR/UCPel). Também contribuíram para a realização do projeto a professora Chiara das Dores do Nascimento, especialista na área de raios-X e também integrante do Mestrado em Engenharia Eletrônica e Computação e o arquiteto Mateus Costa, responsável pelo protótipo da caixa.
Viabilidade de utilização do equipamento em hospitais
Para o diretor de Assistência do HUSFP, Edevar Machado Júnior, a pandemia do SARS-Cov2 trouxe um desafio gigantesco para a gestão da cadeia de suprimentos dos hospitais, especialmente devido o aumento do preço de insumos e de sua disponibilidade. “Como o problema afeta hospitais de todo o mundo, já a algum tempo certa permissão para que se lide com o reprocessamento destes EPIs quando viável”, comenta.
De acordo com o diretor, a caixa esterilizadora de máscaras por luz UV tem se mostrado uma alternativa de baixo custo e com alta perspectiva de resultado no contingenciamento dos recursos relacionados ao EPI. Entretanto, Machado destaca a necessidade de teste em campo para identificar itens como a resistência da máscara a outros fatores de inutilização.
Após finalização dos testes biológicos, o equipamento será avaliado pelo Comitê de Gestão COVID-19 do Grupo APAC. Caso necessário, ainda poderá ser realizada uma contraprova para confirmação do primeiro resultado.
Redação: Rita Wicth – MTB 14101