Estudo da UCPel relaciona traumas emocionais na infância com o risco de suicídio em pessoas com depressão

O Transtorno Depressivo Maior é uma doença mental que pode ser causada por motivos psicológicos, sociais ou biológicos. Também conhecido apenas por “depressão”, seus principais sintomas são tristeza, perda de interesse pelas coisas, mudanças indesejadas no peso, sono, cansaço, sentir-se sem valor, entre outros.

Ideias recorrentes de morte ou de suicídio são frequentes neste contexto aumentando o risco de o paciente acabar com sua vida. Risco de suicídio é quando uma pessoa tem um pensamento ou comportamento de fazer mal a si mesma, de querer acabar com a sua vida. Já era conhecido na literatura que os traumas na infância aumentam o risco de suicídio. Mas será que alguns tipos de trauma aumentam mais do que outros, especialmente naqueles pacientes que já estão em depressão? As experiências de sofrimento que a pesquisa investigou foram a falta de cuidado (físico e emocional) e abusos (emocional e físico) e abuso sexual.

Em um estudo realizado na Universidade Católica de Pelotas (UCPel), foi descoberto que diferentes tipos de sofrimentos na infância estão relacionados com risco de suicídio em pessoas portadoras de Transtorno Depressivo Maior, representando um aumento do risco de suicídio.

Contando com 473 pessoas entre 18 e 60 anos com diagnóstico de Transtorno Depressivo Maior (sendo a maioria mulheres), a pesquisa identificou 77 deprimidos com risco de suicídio, e também relacionou condições ambientais e históricas destes pacientes. A mãe ter tentado suicídio, a classificação socioeconômica mais baixa e o uso de drogas ilícitas poderiam estar relacionados ao risco de suicídio. Percebeu-se também, que há relação entre o risco de suicídio e baixa idade e escolaridade da pessoa com depressão.

Já sobre o trauma na infância, notou-se que há relação entre sofrimento emocional na infância e risco de suicídio em pessoas com depressão. A alta intensidade de experiências de falta de cuidado emocional, abuso emocional e abuso sexual estão mais relacionados ao risco de suicídio nestes pacientes.

Antes deste estudo, poucos trabalhos foram publicados sobre o tema. O trabalho publicado na revista científica “Psychiatry Research” indica que o suicídio pode ser considerado como uma das últimas estratégias de “lidar” com a depressão. Desta forma, profissionais da saúde que acolherem pessoas com depressão precisam ficar atentos ao relato de seus pacientes sobre experiências emocionais traumáticas na infância, com o objetivo de avaliar o real risco de suicídios e evitar comportamentos suicidas.